A Felicidade

Algumas ideias prejudicam as pessoas fazendo parte da doença social atual. Os preconceitos por exemplo, afastam as pessoas, as quais não conversam entre si porque há julgamentos e discriminação. Além disso, há crença de que o que a pessoa sente é a verdade absoluta ocasionando conflitos sobre pontos de vista diferentes e considerando aquele que pensa diferente, como alguém que está contra. Isso cria polarização e dificuldade de chegar ao consenso.

As pessoas, no geral, têm se mostrado muito frágeis, sendo que aquilo que ameaça a sua segurança emocional, como uma recriminação ou discordância, são fatos que as "agridem", ao invés de aprenderem a lidar com a situação. Não assistem filmes de cenas “fortes”, não conversam assuntos “fortes” para evitarem o mal estar.

Além desses aspectos, vive-se uma grande “patologização”. Muitos fazem uso de remédios de modo indiscriminado ou se automedicam. Os medicamentos estão cada vez mais acessíveis. Nem sempre estão doentes, porém, alguns se tornam dependentes destas drogas e solicitam receitas aos médicos para diminuirem suas angústias.

Vivemos uma época de alta valorização da felicidade. Existe muita propaganda de métodos que prometem acabar com os sintomas físicos e emocionais desconfortáveis (insônia, ansiedade, problemas de desatenção e memória, entre outros). Observa-se crescimento de tratamentos alternativos, de livros de autoajuda, da indústria farmacêutica, como se a felicidade pudesse ser obtida dali. E isto é preocupante, pois podem favorecer a alienação em relação aos próprios comportamentos e sentimentos. Afastam a pessoa da realidade, sendo que ela deveria é aprender a lidar com as situações.

A felicidade nunca deveria ser um objetivo, pois ela é obtida pelas consequências de como se lida com as intempéries e imprevistos do cotidiano. Quanto mais fortalecida interna e externamente, mais feliz a pessoa estará. E não existem fórmulas mágicas e imediatistas para atingi-la, pois a felicidade é conquistada dia após dia, encarando as situações de frente, sem subterfúgios ou ilusões.

Vera Purcina