O Homem, o Animal e a Civilização
- Vera Purcina
- 30 de nov. de 2023
- 2 min de leitura

Observo os cachorros, como são carinhosos e obedientes aos seus donos. Em casa, estão sempre ao lado e abanam o rabo evidenciando contentamento. Nunca os vi de mal humor ou reclamando do tempo. São tolerantes, brincalhões, ótimas companhias. Diferentes de pessoas que, cá para nós, atualmente vivem incomodadas, ansiosas, cansadas: com o trabalho, com o preço das coisas, com o clima, com os conhecidos, com o próprio corpo, enfim, com a vida.
Abstraio o pensamento e vou percebendo que está mais fácil conviver com os animais do que com as pessoas. Porque não há conflitos, não é preciso conversar sério, esclarecer fantasias e mal entendidos. Totalmente diferente dos animais que aceitam seus donos totalmente. Com os animais pode-se ser autêntico, mostrar as forças e fraquezas.
Será que as pessoas estão se apegando tanto aos animais porque estão se identificando mais com eles do que com gente? Estão, de certa forma cuidando dos bichos como se eles fossem seus filhos... Será que este contato ressalta suas necessidades mais primitivas de fome física e afetiva?
Porque bicho não tem as responsabilidades humanas, não sofre pressões sociais, vive sem se preocupar com as opiniões dos outros, sem artifícios, maquiagem, não precisa viver de aparência.
Parece que ser humanizado se tornou difícil demais. O processo civilizatório se desviou muito das necessidades básicas; da aceitação e da apropriação de si mesmo. O corpo, o trabalho, os sentimentos são constantemente usados pelos interesses políticos, econômicos e sociais.
Talvez as pessoas queiram resgatar um pouco da sua natureza de bicho! E como as instituições civilizatórias não permitem, a opressão aumenta e as pessoas vão se tornando arredias e agressivas, até cruéis umas com as outras.
Penso ser necessário que as pessoas reencontrem a sua alma humana genuína, invistam no auto conhecimento atingindo o eu verdadeiro e sua posição no mundo. Talvez dessa forma vivenciem suas vidas sem tantas ilusões e concretizem suas relações essencialmente amorosas (tão necessárias para serem felizes).
Vera Purcina
Se necessário, faça psicoterapia.
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