Outubro Rosa/2023
- Vera Purcina
- 3 de out. de 2023
- 2 min de leitura

Lembro-me que minha avó nem pronunciava o nome em voz alta tal era o receio daquela doença. Do câncer incurável e que trazia grande sofrimento, muita dor ao doente e seus familiares. Que geralmente chegava sem avisar assustando as pessoas no momento da consulta. Antigamente, ir à clínica por prevenção não era habitual. Quando se marcava o médico já havia procurado outros tipos de tratamentos com rezas, benzimentos, com folhas dos chás espalhados pelos quintais, com rituais e materiais outros, com remédios sugeridos na pharmacia. Sem obter sucesso, somente depois, ia-se ao hospital ou consultório. Tomar remédio ou injeção, naquela época, era motivo de muita resistência e choro.
Os jovens de hoje podem até estranhar, mas era assim antes, há uns 60 anos no mínimo. O câncer era envolvido em uma bolha de preconceito, o qual tapava os olhos das pessoas, impedindo o discernimento e a razão. Também a medicina não estava tão desenvolvida, as informações eram menos veiculadas pelos meios de comunicação e a sociedade, de certa forma, vivia à margem da ciência e com pouca tecnologia. Atualmente, vive-se outra situação de maior conscientização e menos tabus. Desde a década de 90 foi se abrindo o caminho para a prevenção do câncer de mama e do colo do útero, por serem estes os que mais acometem as mulheres. Foram implementando os programas educativos e de saúde nos níveis primário e secundário, de prevenção e de tratamento inicial da doença. E isso foi contribuindo gradativamente para a melhoria da saúde das mulheres, apesar de ainda ser necessário agregar empenho por parte dos serviços de saúde públicos e privados oferecidos, pois a demanda se mostra alta. Também a sociedade, de forma geral, precisa estar cada vez mais comprometida com a própria saúde, desenvolvendo os mecanismos de auto cuidados. Há casos de câncer e mortes que poderiam ser evitados se as pessoas se importassem mais com a própria saúde. Desde praticar uma alimentação saudável, exercícios físicos, não consumir álcool, drogas, fumo... e mudar algumas concepções de pensamentos estruturais. Por exemplo, saber que é a própria pessoa que, primeiro, deve cuidar de sua saúde, pois cada um sabe o prazer e onde o seu corpo dói; segundo, que é melhor prevenir do que remediar pois, além da prevenção ser muito mais barato financeiramente, nem sempre o remédio curará. Em outras palavras, fazer o auto exame é imprescindível, muito mais fácil e financeiramente viável do que tratar o câncer já instalado. Enfim, apesar do desenvolvimento científico e da existência da cura para muitos casos de câncer, ainda se carrega visões retrógradas. Porém aquela ideia antiga do senso comum deve ser combatida pela população, pois o que mais mata é a desinformação, a falta de cuidados pessoais e o preconceito. Estes sim impedem de se alcançar uma vida mais saudável. Deve-se consultar o médico periodicamente e praticar o auto cuidado permanentemente. Se necessário, faça psicoterapia. Vera Purcina
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